sim
___não
______sim
___não
sim
______sinão
sim.sim.sim
__________NÃO
sinão__
______sim_nal

do lado outro


De um lado, sorriso,
De outro, a vida.
De um lado, tudo,
De outro, o sonho.
De um lado, amor,
Do outro, a esperança.
De um lado, brilho,
Do outro, o início da ponte...
                                                    Para Tássia Cardoso

Conteúdo..................
..................Tudo......
.........Mundo.............
..........................Luto
Com tudo..................
...................Contudo?
Conte.......................
........mudo

baleia


Cabeça dura
Alma branda
Lua escura
Ser sem cor
Céu nublado
Vida seca
Graciliano,
Ramo(s)
Estrela brilha!

bobo triste



Acordei para mais um dia de circo,
Busquei a base,
Maquiar o sorriso que minha alma finge acreditar.
Ossos do ofício...

Hoje tenho duas faces,
Desejo a gota,
O público, ansioso, espera pela estrela.
Ossos da desilusão...

Sou operário do riso,
Produzo em escala industrial,
Bater ponto para fazer rir, sem tempo para pensar.
Ossos do almoço...

O espetáculo se inicia,
Minha hora está chegando,
Na mente, a luz acinzentada se camufla, enquanto calço os sapatos.
Ossos do tropeço...

Um dia isso acaba,
Sou palhaço sem a menor graça,
Quero tempo para sorrir, poder colorir a minha alma de verdades
Ossos do sonho... 

foto: vasco cardoso
E meu fígado berra, pedindo por mais um copo. A rotina é tamanha, que até ele deixou de trabalhar contra e juntou-se a mim neste balcão de bar. Olho em volta, vejo moscas voando em sentido contrário ao meu, será que eu fedo? Creio que não, sempre tive sucessos co os aromas que portava e, este hábito eu não mudei. Creio que a companhia não seria das mais agradáveis mesmo, por isso, nem eles querem se aproximar.
Ao fundo, vejo um casal, estão rindo. Se soubessem o que sei, não ririam mais. Sei que aquele olhar de desejo dele é apenas uma vontade incontrolável de possuir a moça de belos lábios e seios. Já o sorriso tímido, apesar de volumoso, não diz mais do que a sua intenção de fazer o cavalheiro um pouco mais pobre e um tanto mais triste, assim como eu sou hoje.
A luz é baixa, um pouco amarelada. O dono do estabelecimento não está tão preocupado assim em cuidar do planeta, ele prefere as incandescentes e eu também. Desce mais um gole, a garganta queima, o aroma do zimbro e da melancolia toma-me por um instante, junto, a sensação de que minha vida está na imagem que vejo refletida no copo, um dos americanos, perfeito para a cerveja, mas que recebe mais uma dose de gim. Vida trêmula e distorcida, bem como a imagem deflagra.
Mais uma hora se passa, mais uma hora e eu aqui, sentado, na mesma posição. O amanhã está por vir, está bem próximo, já passam da meia-noite. O casal se levanta, ela vai ao banheiro, ele, atrás do vendedor de rosas que passava na calçada. Ele corre e, parece alcançar. Eu lamento, mais um homem que derramará lágrimas em breve. Para todo este esforço ser compreendido, existe apenas uma explicação e, é a pior delas, para ele. Sim, ele está apaixonado, ela retorna, guardando o estojo de maquiagem na bolsa. Procura em sua volta, não vê o acompanhante e, mais que depressa, ele surge com o botão de rosa nas mãos e uma cara de paspalho que até me impressionou. Ela se surpreende, sorri, olha para o lado, entende o recado, mas faz cara de quem não quer acreditar. O rapaz começa bem o seu desastre, neste instante, eles trocam declarações e um beijo demorado.
Na mesma hora, jovens entram no estabelecimento. Ah, como adoro jovens, principalmente quando se tornam velhos e entendem que tudo o que fizeram não valeu para absolutamente nada. Sim, eu me delicio com os sentimentos alheios, será que isso me torna um voyeur ou apenas um solitário? O casal se foi, espero que para não voltar mais ali, mas também não me surpreenderia em encontrar aquele jovem sentado junto a mim, neste balcão, entre soluços e lamentos injuriados.
Os jovens fazem barulho, o infeliz proprietário daqui resolveu colocar uma mesa de sinuca no meio do salão e uma daquelas máquinas de música que se alimentam de moedas e notas. Tudo em nome do progresso e da evolução. Tudo para garantir a minha dor de cabeça. Pelo menos eles não escutam sertanejo, não seria interessante, por mais que deprimente, o fim de uma noite de sábado ao som de onomatopeias sem sentido e estrofes com rimas podres. É engraçado, estes jovens têm uma necessidade da autoafirmação, sempre um querendo ser melhor que o outro, será que é pra esconder a desgraça interna que amedrontam os seus seres? Tanto faz, passo a observá-los, sem antes, colocar mais uma dose de gim no copo americano.
Um toma à dianteira, são ou eram, não me lembro em que tempo estou, cinco camisetas coloridas, todas com dizeres em inglês cuja tradução não deve ser conhecida. Os cabelos lambuzados de gel, a ideia era ‘pegar garotas’, em suas gírias, mas, a noite terminou com seus falos bem guardados dentro dos jeans manchados e desbotados. Hoje em dia, as pessoas gastam dinheiro com coisas estragadas, na minha época, uma calça desbotada ou rasgada não era nem comercializada e, se fosse, com um desconto chantageador. Já, atualmente, devem ser as mais caras das lojas.
Eles berram a cada bola encaçapada, eles berram a cada bola errada, um dá dicas de como se deve pegar no taco, outro faz piadinha maliciosa, o terceiro fala da ‘mina’ que ele vai pegar, enquanto o primeiro grita para todos ouvir: ‘chegou a hora do Rui Chapéu jogar’, com coisa que ele sabe quem é Rui Chapéu, com certeza, o nome de um dos maiores especialistas em bilhar no Brasil, se tornou apenas uma gíria para os que se acham bons com tacos e bolas. Perdoem-me, não pude evitar a infame alusão.
Desses jovens de hoje, apenas sei, que um dia, serão assim como eu, tristes, solitários, mas com uma diferença, sem capacidade para escrever. Por hoje, falam de mulher com a autoridade de um torneiro mecânico falando de seu torno, mas seus dedos mindinhos também nunca estão no lugar. Falam de sexo, mas jogam sinuca entre amigos homens, até porque, aquele ambiente não é um ambiente próprio para uma dama. Em minhas noites de sábado, costumada a jogar sinuca, mas, sempre procurava estar acompanhado de uma dama, em lugares onde não ficaria bem entrar com amigos. Perdoem-me novamente pela comparação.
O tempo passa, já é bem mias manhã de domingo que noite de sábado. O dono do bar está com sono, cansado por precisar aturar tantas pessoas sujas de alma em seu estabelecimento, acredito que cansado de me servir gim, já não sei mais quantas doses foram e, estas, sem a mesma animação das primeiras. Mas concordo com ele, estou aqui como que um espantalho para assustar clientes melhores. Quando passam nas ruas e olham para dentre, dão de cara com um ser esquecido, no canto do balcão, com um copo americano, às vezes meio cheio, às vezes meio vazio – isso para tonar-me pop para os leitores, que gostam de filosofias completamente vazias leitores e dicas para não pensar muito – mas sempre bastante engordurado.
Volto a observar o dono do bar, ele ola para os jovens sinuqueiros, a cara, é de completo estupor, causado pelo sono em demasia e pela confirmação de que o sonho de uma faculdade se torna mais sonho aos a sua conclusão. Mais tarde vim saber que ele era jornalista, com diploma e tudo. Bem, eu também sou e somos exatamente iguais, apenas em lados opostos do balcão.
É a última ficha, avisa o dono aos jovens, eles se queixam, mas aceitam. Pelo menos consomem grande quantidade de cerveja enquanto jogam, pena do dinheiro que seus pais lhes confiaram, sorte do dono, por existirem pais tão bondosos neste mundo.
O relógio acusa o início da manhã, aproxima-se das quatro horas e a cidade volta a andar em círculos, está na hora de ir para casa. Tomo mais um copo, de uma só vez, para conseguir coragem, acerto minha conta e levanto-me. Ao atravessar a rua, percebo que os jovens também abandonam sua rinha de amor próprio compartilhado e se dirigem para o ponto de ônibus mais próximo. Eu? atravesso a rua e subo as escadas, pronto, terei uma ótima noite de domingo pela frente. 

O ânimo empurra-me para dentro do casulo,
Para borboleta, falta-me cor, sabor, força.
Tenho lágrimas escondidas, tenho vida adormecida.
O vento me encoraja, o medo me corta,
Penso em sair, mas o calor do desespero não permite.
Finjo até gostar, estou enganado a quem?
A mim, apenas me envolvo num mar de emoções partidas.
Sinto-me sádico e, ao mesmo tempo, masoquista.
Autoflagelo!
A semana revive, a esperança também,
As asas se animam novamente, desta vez vai...
Foi, não foi. Alarmes falsos, desilusões.
Uma vida dentro de um casulo, apenas isso.
Sem cor, sem sabor, sem dor, sem pavor, sem...
triste dor sem pedrão.
perdoe-me? intensão...
quero colo,
apenas eu escuto.
quero ser,
não posso.
cada vez mais, me dissolvo.
e, entre um gole de cerveja e um suspiro,
dissoluto, abandono, perco-me de minha alma.
Deixei as coisas de lado, pulei fora do mundo. Aprendi.
Passei a entender como são as pessoas, as coisas, essa tal de existência, estou me sentindo muito mais preparado agora, para enfrentar todos estes problemas, ir lá e conseguir dominar meus medos, ignorar os problemas, a pequinês natural do ser humano. Pronto, creio que já possa voltar, vamos, me ajude a encontrar a porta, vamos. venha me ajudar, não estou conseguindo achar o caminho, o que está acontecendo? por favor, preciso voltar, tenho que voltar, tem muita coisa que evo resolver, vamos lá, me mostre o caminho, por onde mesmo que entrei aqui? Preciso encontrar alguém... mas será que posso confiar? Tá ficando frio aqui, tudo branco, onde estou? Não estou mais gostando disso, eu vejo todo mundo, mas eles não conseguem me ver, não conseguem me sentir. Estou com medo, muito medo. Para, não quero mais brincar disso, não quero mais, acho, eu acho que vou chorar, que angústia, não pode ser. eu, eu... parece que eu... estou vivo?

as pessoas fazem sexo
e eu, amor
as pessoas fazem samba
e eu, amor
as pessoas fazem filho
e eu, amor
as pessoas fazem dívidas
e eu, amor
as pessoas fazem risos
e eu, amor
as pessoas fazem sonhos
e eu, amor
as pessoas fazem armas
e eu, a dor...
as dores da saudade
do encontro e desencontro,
do sonhar e nunca alcançar...

as dores da ilusão,
a cela que se tranca,
a dor que me inunda...

ratos nos cantos,
cheiro de morte,
vinhos baratos,
almas desnudas.

lágrimas no rosto,
aperto no peito,
choro na vida,
a luz se apaga.

Américo Vilalba

recolorindo...

recolorindo...

roubo as cores do arco-iris,
desboto o mundo.
as guardo em um quarto escuro,
faço minha vida em preto e branco.
deixo as cores, me lembram bons momentos.
momentos que prefiro deixar escondidos.
mas se um dia, pelo meu caminho cruzar,
meu quarto escuro se ilumina novamente,
as cores, todas, ofereço a ti
e tinjo de sorriso meu caminho.
reponho as cores roubadas, aos poucos
e o arco-iris, se completa, assim por nós!

de Galdin Pavón

Amarga poesia

Amarga poesia

Esqueço da vida que escrevo,
As palavras secam como sangue nas veias,
E, num jato torpe, se define papéis.
Desisto das letras, roupas rasgadas ao vento,
Busco a proteção da pele,
Grafite, rasgando como em tatuagem
Minha alma de amargura e poesia,
Minha essência de saudosa esperança
Minha matéria, triste sobrevivência...

Galdin Pavón e Américo Vilalba

Anjo

coração aperta, faz-se caldo,
a vida busca um tom um pouco mais claro,
mas a dor é imensa, intensa.
corta carnes, fere almas
e a busca continua,
porém, preso consigo mesmo,
não se chega a lugar algum.
alcançar tornou-se sonho,
sonhar, tornou-se fé
a vida, dela só restou saudade...

para João Gabriel Bruscato Mistura
queria bater na porta,
sem pedir licença,
ir entrando.
queria subir o morro e,
aos berros, sorrir,
queria até sonhar... 
poetizar estrelas, desenhadas num céu de olhos fechados.
mas me contento com um olá, 
simples e acanhado,
me dando chance de nada
ou de algum tostão.
o dia acorda cinza,
a tristeza nos abate,
as luzes se apagam,
a esperança ainda vive...
a inspiração brota entre as faltas de ideias,
como que nem um ramo entre espinhos...
a inspiração é a flor que desabrocha,
bela e imponente, enraizada em nosso coração...
a inspiração?
uma colcha de ideias, coloridas ou não.
às vezes translúcidas, às vezes negras.
inspiração,
simples visão que nunca chega,
mas que se for para ir,
ela vem e nos prende.

Faço

Faço filho,
Faço escola.
Faço livro,
Faço moda!

Faço tudo,
Faço nada.
A espada,
Furo, fácil.

Faço antes,
Faço ante.
Caio rente,
Faço quente.

Como faço?
Embaraço!
Faço filho,
Lanço livro!

João Pedro

Quero viciar-me de ti,
Se é que já não estou.
Quero injetar-te em meu braço,
Fazer-te tomar-me meu sangue,
Alcançar meu coração, cérebro, razão!
Devora-me em segredo poético
Jogo-me na escuridão de tua ausência
Ali, estou completamente entregue ao estado que me conduz a uma dose de ti
Incompleto, satisfaço-me.
Toma-me por completo,
Deixe-me completamente fora de mim, em ti.
Faça-me verdade, faça-me sorrir,
Que neste deleite, transforma-me em versos,
Que de minha vida, eu seja tua poesia.

de João Gabriel Bruscato MIstura e Pedro Cotrim

O dia da criação

Ontem, desanimado, custei a cochilar, sim, apenas um cochilo, faz tempo que não tenho uma boa noite de sono. Não é por nada não, acho que vem da idade mesmo, afinal, são pelo menos uns 40 anos vividos em um, não é?
Acordei hoje com uma imensa dor de cabeça, sozinho, todos saíram, não sei, acho que há uns cinco ou seis anos, mais ou menos. Mas notei isso hoje. Sei lá, acho que o costume era eu ficar sozinho, mesmo com a casa cheia, sempre sozinho, jogado num canto, dentro da multidão de almas perdidas em espaço tempo e razão.
Mas por que será que só percebi isso agora e por que eu não sei se estou sentindo falta ou é apenas uma alegria que surge queimando meu peito e fazendo com que a agonia que envolve meu ser por completo se dissolva num mar de histeria e cansaço.
Não sei, na verdade nem sei com quem eu estou falando, aquela imagem ali no espelho, aquele sou eu? Nossa, realmente estou velho, ontem estava cansado, desanimado e hoje, estou velho, mas noto que tudo ao meu redor está alterado. Não reconheço este lugar, não me reconheço neste lugar, quem sou eu?
Antes, me chamavam de ninguém, de invisível... hoje? não em chamam, não existe nada, ninguém deixa de ser eu para se tornar todo mundo, mas onde eles estão, isso me incomoda, me amedronta, mas me deixa em paz...
Saio a procura deles? de quem? hoje é o meu primeiro dia e vida!

feliz... o quê?

tantos dias de poesia, tantas horas de solidão, tantos lugares sonhados, tantas pessoas longe... desilusão

esperanças finitas, fantasiadas de pra sempre. morte esperada, espera distanciada... vontade renovada

certezas absolutas, tão reais quanto o vazio, pleonasmo, vício que corta e costura... língua

sentimentos, bagunça organizadinha, verdades que um dia virão... lentas

anos, novos que se vão, velhos que estão... felizes neste, para estes loucos poetas taberneiros

vida, tantos, sonhos, esperas, absolutos, bagunças... velhas redundâncias

pra o blog Taberna dos Poetas Loucos

O papel

não falo que é pra você, porque é feia demais. 
mas falo que é para um mundo de revoltas momentâneas,
de um presente torpe e esperançoso.
É a alegria de ter um papel para gritar, 
colocar tudo que você não quer pensar.
Usá-lo como lixo sim, ele aguenta,
ele é meu músculo mais forte, 
ele é que consegue carregar todo o meu corpo ferido, moribundo.
O papel, para ele, dedico todas as minhas dores.
É ele quem traz todas as flores que não mereço ganhar.
Meu presente, meu passado, meu céu, minha ilusão.
Tudo bem guardado,
quem sabe no lixo,
quem sabe numa outra gaveta,
quem sabe... por ai
E o mais intrigante:
ele, mesmo quanto não serve mais,
procura ser usado.
Ele, são minhas lembranças.
Ele, são minhas dúvidas, minhas decisões.
Ele, o papel...